2º TRIMESTRE DE 2011 - Movimento pentecostal - LIÇÃO Nº 4–ESPÍRITO SANTO— AGENTE CAPACITADOR DA OBRA DE DEUS

TEMA – Movimento pentecostal – as doutrinas da nossa fé

COMENTARISTA : Elienai Cabral

ESBOÇO Nº 4
LIÇÃO Nº 4–ESPÍRITO SANTO— AGENTE CAPACITADOR DA OBRA DE DEUS
A Pessoa Divina do Espírito Santo capacita a realizarmos a obra de Deus na face da Terra.
INTRODUÇÃO
- Prosseguindo o estudo das doutrinas de nossa fé pentecostal, hoje estudaremos o papel do Espírito Santo como agente capacitador da obra de Deus.
- O Espírito Santo é a Pessoa Divina que nos torna capazes a realizar as tarefas determinadas por Deus ao homem que O serve.
I – O ESPÍRITO SANTO NA CRIAÇÃO
- Na sequência dos estudos a respeito das doutrinas da fé pentecostal, estudaremos hoje o Espírito Santo como “agente capacitador da obra de Deus”. “Agente” é aquele que faz algo, que toma uma atitude, pratica uma ação. “Agente capacitador” é aquele que faz com que alguém se torne capaz a realizar algo, ou seja, tenha a habilidade de fazer algo, esteja apto a realizar algo.
- O Espírito Santo é, pois, a Pessoa Divina que nos torna aptos a realizar a obra de Deus, que nos habilita a fazer tudo quando o Senhor tem determinado o homem fazer sobre a face da Terra.
OBS: Recentemente, um documento do Sínodo dos Bispos da Igreja Romana bem caracterizou esta incapacidade humana e a necessidade de um agente capacitador em trecho que convém aqui transcrever: “…Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que vos tenho ordenado» (Mt. 28, 19-20). Com estas palavras, Jesus Cristo, antes de subir aos céus e se sentar à direita de Deus Pai (cf. Ef. 1, 20), enviou os seus discípulos para anunciar a Boa Nova ao mundo. Eles representavam um pequeno grupo de testemunhas de Jesus de Nazaré, testemunhas da sua vida terrena, do seu ensinamento, da sua morte e, especialmente, da sua ressurreição (cf. Act. 1, 22).A missão era enorme, superior às suas capacidades. O Senhor Jesus, para os incentivar, promete-lhes a vinda do Paráclito, que o Pai enviará em seu nome (cf. Jo. 14, 26)e os «guiará em toda a verdade» (Jo. 16, 13). Assegura-lhes, além disso, a sua perene presença: «e eis que Eu estou sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt. 28, 20). Depois do Pentecostes, quando o fogo do amor de Deus pousou sobre os apóstolos (cf. Act. 2, 3),unidos em oração «juntamente com algumas mulheres e Maria, mãe de Jesus» (Act. 1, 14), o mandamento do Senhor Jesus começou a realizar-se. O Espírito Santo, que Jesus Cristo concede em abundância (cf. Jo. 3, 34), está na origem da Igreja, que, por sua natureza, é missionária. De facto, logo que receberam a unção do Espírito, o apóstolo São Pedro «levantou-se e falou em voz alta» (Act. 2, 14) anunciando a salvação no nome de Jesus, «que Deus constituiu Senhor e Cristo» (Act. 2, 36). Transformados pelo dom do Espírito, os discípulos espalharam-se por todo o mundo conhecido e difundiram o«evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deusin » (Mc. 1, 1). O seu anúncio chegou às regiões do Mediterrâneo, da Europa, da África e da Ásia. Guiados pelo Espírito, dom do Pai e do Filho, os seus sucessores continuaram essa missão, que permanece actual até ao fim dos tempos. Enquanto existe, a Igreja deve anunciar o Evangelho da vinda do Reino de Deus, o ensinamento do seu Mestre e Senhor e, sobretudo, a pessoa de Jesus Cristo.…” ( Lineamenta da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Disponível em: http://www.vatican.va/roman_curia/synod/documents/rc_synod_doc_20110202_lineamenta-xiii-assembly_po.htmlAcesso em 12 mar. 2011) (destaques em negrito nossos).
- Esta ação do Espírito Santo não é ocasião para nos surpreendermos. Desde o início de todas as coisas, desde a criação dos céus e da terra, vemos o Espírito Santo atuando como “agente capacitador da obra de Deus”.
- Sabemos que só há um Deus (I Co.8:6; Ef.4:6; I Tm.2:5) e, portanto, como foi Deus quem criou os céus e a terra (Gn.1:1), temos convicção de que todas as três Pessoas Divinas participaram da criação, até porque o texto original hebraico usa o nome “Elohim”, que é plural, para designar a Divindade no primeiro versículo da Bíblia, conquanto o verbo esteja no singular.
- Deste modo, sabemos, pois, claramente, que o Espírito Santo participou da criação dos céus e da terra, o que é explicitado logo no segundo versículo das Escrituras, quando vemos que o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gn.1:2). Nota-se, pois, que, desde o início da criação, o Espírito Santo é a Pessoa Divina que faz com que tudo se torne apto a realizar os desígnios divinos.
- No relato da criação, vemos que havia um pronunciamento divino, um dizer do Senhor, que este dizer, esta palavra era o instrumento pelo qual tudo se criava e que o Espírito se encontrava atuando, fazendo com que as coisas criadas assumissem o seu papel designado por Deus. O único Deus, pois, mostrava-se em suas três Pessoas: a Voz (o Pai), a Palavra (o Filho) e o Espírito de Deus que se movia e tornava apta toda a criação.
- O mesmo se deu com relação ao homem. Ao contrário dos demais seres, o ser humano não foi criado pela Palavra, mas houve um processo um tanto diferenciado. A criação se deu por todas as Pessoas Divinas, visto que, em Gn.1:26, temos o plural “Façamos”, a apontar, uma vez mais, a pluralidade das Pessoas no único Deus. Entretanto, dizem as Escrituras, que o homem foi formado do pó da terra, tendo recebido o fôlego de vida e se tornado alma vivente (Gn.2:7).
- Nota-se, como bem ensinou o pastor José do Prado Veiga, da Assembleia de Deus do Belenzinho, São Paulo/SP em ensino dado na reunião de obreiros realizada em 7 de março de 2011, que o texto original hebraico fala em “fôlego de vidas”, ou seja, “vidas” está no plural, precisamente para indicar que o homem não recebeu, ao contrário dos demais seres terrenos, uma vida biológica, física, mas, além dela, outra vida, mais precisamente, outras vidas: a vida espiritual e a vida eterna.
- Este “sopro da boca de Deus” é uma evidência da atuação do Espírito Santo, o “sopro” ( a palavra “espírito”, não só em hebraico e em grego, mas no próprio latim, tem a mesma raiz de “sopro”) que “dá vida”, que “tornava apto” aquele “boneco de barro” a ser um homem, o dominador sobre a criação terrena e que teria condições de entrar em comunhão com Deus e adorá-l’O para todo o sempre.
- O Espírito Santo, pois, apresenta-Se como a Pessoa Divina que, ao fornecer “as vidas” para o ser humano, possibilitou que ele viesse a ser o mordomo do Senhor sobre a face da Terra, aquela criatura que viveria eternamente com o Senhor.
- Quando o homem pecou, ele perdeu, de imediato, as vidas espiritual e eterna, motivo pelo qual, 930 anos depois da queda, Adão, também, acabou por perder a vida física (Gn.5:5), pois, sem o Espírito de Deus, o pó da terra que havia se tornado homem voltaria a ser tão somente pó (Gn.3:19).
- A partir do momento da queda, o ser humano tornou-se incapaz de manter um relacionamento com Deus, porque foi separado de Deus por causa do seu pecado (Is.59:2). Esta incapacidade resultou na perda do “fôlego de vidas”, do Espírito Santo que não mais podia compartilhar com o espírito humano, que havia sido morto pelas nossas ofensas e pecados (Ef.2:1).
- O espírito humano é a parte do homem que faz a ligação entre o homem e o Senhor. É o canal de relacionamento entre Deus e o homem e este espírito precisa estar ligado ao Espírito Santo, sem o que não há como o homem ser capaz de adorar ao Senhor. Com o pecado, este espírito é separado do Espírito Santo e, por isso, é morto, inativo, sem condições de estabelecer a necessária relação com Deus.

- Duas são as faculdades do espírito humano: a consciência e a fé. O espírito humano é a “centelha divina” posta em nós, aquela pequenina voz que nos diz que o que fazemos é certo ou errado. A fé, por sua vez, é a capacidade que temos de confiar em Deus, de acreditar em Suas palavras e, desta maneira, obedecer-Lhe e seguir-Lhe a orientação.
- Imerso no pecado, o homem, embora tenha como saber que o que faz é errado, não pode, apenas por este testemunho de sua consciência, mudar de rumo, alterar a sua direção. Nele habita uma natureza que é voltada para o pecado, que não o permite fazer o que quer, mas apenas aquilo que o pecado que nele habita deseja (Rm.7:15-24).
- De igual maneira, incapaz de fazer aquilo que a consciência lhe determina, o homem, no estado pecaminoso, também não consegue crer naquilo que Deus lhe disse. Na verdade, em virtude do pecado, o homem não tem sequer condições de entender o que Deus está a lhe dizer, pois ele não consegue ver o reino de Deus, tem sua mente entenebrecida pelo inimigo de nossas almas, que ilude o homem com suas mentiras (II Co.4:4).
- Por isso, neste estado de coisas, não pode o homem salvar-se a si mesmo, porquanto jamais a sua mente, a sua inteligência, o seu raciocínio têm condições de iluminar a verdade e fazer-lhe entender que deve fazer para voltar a ter comunhão com Deus, para restabelecer a vida eterna.
- Mas Deus, desde o dia da queda, sabedor da incapacidade absoluta do homem de se salvar, prometeu à humanidade que restabeleceria a comunhão perdida com o seu Criador, o que se faria por intermédio da semente da mulher, que restauraria a amizade entre Deus e o homem, quebrada pelo pecado.
- Como havia agido na criação do homem, agora a Trindade Divina também agiria no resgate do homem. O Pai enviaria o Filho que morreria pelos nossos pecados, pagando o preço da nossa salvação e o Espírito Santo daria a capacidade necessária ao homem para crer na obra redentora do Filho, enviado pelo Pai.
- Por causa da morte do Filho feito homem para perdão dos nossos pecados, assim querida pelo Pai, o Espírito Santo poderia capacitar o homem a um retorno ao convívio com Deus, poderia levar novo “fôlegos de vida espiritual e eterna” ao homem, convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8-11). Eis, em suma, o que é “a nova criação”, o “novo nascimento”, um “nascimento do Espírito” (Jo.3:6).
II. O ESPÍRITO SANTO NA SALVAÇÃO DO HOMEM
- Durante toda a história da humanidade, vemos a atuação das três Pessoas da Trindade no sentido de concluir o plano de salvação. O momento crucial deste plano inicia-se com a própria humanização do Filho de Deus, enviado pelo Pai e gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc.1:35). Percebemos, portanto, que o Espírito Santo promove a geração de Jesus no ventre de Maria, ao mesmo tempo em que o Pai envia o Filho e Este aceita vir ao mundo, como homem, para fazer a vontade do Pai (Hb.10:9).
- Mas o Espírito Santo não se limitou a gerar Jesus homem no ventre de Maria, mas, também, ungiu-O para que pudesse realizar a Sua obra (Lc.4:18-21;At.10:38), o que vemos, perfeitamente, figurado no batismo do Senhor (Mt.3:16). Depois da ressurreição, já glorificado, Jesus sopra sobre os discípulos, a fim de que recebessem o Espírito Santo (Jo.20:22), numa clara demonstração de que seria impossível a vida com Deus e com Cristo se ausente estivesse o Espírito Santo. Mas isto ainda era insuficiente, tanto que o Senhor mandou que os discípulos não iniciassem a obra para a qual haviam sido chamados enquanto não fossem revestidos de poder (Lc.24:49), o que nada mais era senão o batismo com o Espírito Santo, como se verificou, posteriormente, no dia de Pentecostes (At.2:1-4).
- Ora, como Jesus é o exemplo que devemos seguir (I Co.11:1; I Pe.2:21), estas menções ao Espírito Santo são assaz elucidativas para a nossa compreensão da obra do Espírito Santo na salvação do homem.
- A primeira questão que devemos observar diz respeito à geração do crente, ao novo nascimento, para nos utilizarmos de uma expressão de Jesus, no seu conhecido diálogo com Nicodemos. Para que alguém seja salvo, dizem as Escrituras, é preciso que nasça de novo, ou seja, que a pessoa se torne uma nova criatura. Para que isto ocorra, é preciso que a pessoa nasça de novo (Jo.3:3). Este novo nascimento é chamado de “nascimento do Espírito” (Jo.3:6), pois ninguém poderá alcançar a salvação se não houver uma operação do Espírito Santo na sua vida, operação que é denominada pelos teólogos de "regeneração" (I Pe.1:23).
- O processo da salvação do homem começa pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus (Rm.10:17). A partir do momento que a Palavra é pregada, o Espírito Santo passa a atuar sobre o ouvinte, convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8). Convence o homem do pecado, pois o homem sem Deus não crê em Jesus e, pela atuação do Espírito Santo, passa a crer que a Palavra de Deus é a verdade(Jo.17:17) e que existe o pecado que faz divisão entre o homem e Deus(Is.59:2) e que somente Jesus pode derrubar a parede de separação que existe, através do perdão dos pecados(Ef.2:14), o que se tornou possível pelo sangue de Cristo(Ef.2:13).
- A atuação do Espírito Santo é indispensável para que o homem seja conscientizado da justiça divina e que Deus, em Cristo, propiciou um meio de salvação para o homem. Jesus não está mais entre nós, fisicamente, e, portanto, é necessário que o próprio Deus Se manifeste e demonstre a Sua justiça, o que se faz mediante a Pessoa do Espírito Santo. Por fim, deve o homem ser convencido a respeito do juízo, ou seja, de que o mal e o pecado já foram julgados por Deus e que estão aguardando apenas a execução da sentença, algo que somente Deus pode fazer, através do Espírito Santo.
- Vemos, portanto, que o Espírito Santo é indispensável para que o homem seja convencido do pecado, da justiça e do juízo e, assim, resolva se arrepender dos seus pecados e mudar a direção da sua vida, que é o que denominamos de "conversão". A fé salvadora, como nos explica Paulo, é um dom de Deus (Ef.2:8) e, como tal, é algo que é trazido ao nosso ser pelo Espírito Santo. Não é possível que alguém se arrependa de seus pecados sem que o faça por força da atuação do Espírito Santo. O sentimento de tristeza advindo de termos cometido um erro mas que advenha de nosso próprio intelecto não é um arrependimento, mas tão somente um remorso e, como tal, não traz qualquer salvação. Vemos isto, claramente, no episódio que envolveu Judas Iscariotes que, por ter tido apenas remorso, não alcançou a salvação (Mt.27:3-5).
- O Espírito Santo, portanto, a exemplo do que ocorreu no ventre de Maria, continua a operar a obra da geração do novo homem, os filhos de Deus, aqueles que não pertencem ao mundo, aqueles que são novas criaturas. É importantíssimo saber que o salvo passa por este processo de novo nascimento e por esta geração da água (que é a Palavra de Deus) e do Espírito. Esta geração, este novo nascimento, é espiritual e nada tem a ver com a pertinência a este ou aquele grupo religioso, tampouco com o batismo nas águas, que é apenas uma confissão pública de alguém no sentido de que passou por este processo do novo nascimento. É por isso que não podemos reconhecer no batismo o processo de purificação dos pecados e de salvação, pois, na verdade, este processo não é feito por um ritual, mas por uma operação do Espírito Santo na vida do pecador que se arrepende.

- Esta nova geração, produzida pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus (I Pe.1:23), faz-nos um novo ser, um ser que tem comunhão com Deus, e que, por isso mesmo, é chamado de vivificado em Cristo (I Co.15:22), uma nova criação, que passou da morte para a vida(Jo.5:24), ou seja, que vivia distanciada de Deus mas agora está em comunhão com Ele.
OBS: " Cinco fatos concernentes à natureza da regeneração precisam ser vistos: (1) uma nova vida foi gerada, por meio disso, e é eterna; (2) essa vida é a natureza divina; (3) o crente é gerado pelo Espírito; (4) Deus, o Pai, se torna o seu Pai legítimo; (5) portanto, todos os crentes são herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. Do lado humano, a regeneração está condicionada simplesmente à fé (Jo.1.12,13; Gl.3.26)" (CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática, v.8, t.4, p.227)
- Vimos que o Espírito Santo é fundamental para o novo nascimento, para a geração de uma nova criatura salva na pessoa de Jesus Cristo. Mas o Espírito Santo não se limita a gerar o novo homem, liberto do pecado e da morte, mas também para a habitar neste novo homem, sustentando-o até o fim. Assim como, na vida física, precisamos manter a respiração para nos manter vivos, na vida espiritual, o “sopro da boca de Deus” tem de ser mantido, uma vez recebido com o novo nascimento (Jo.20:22).
- A Bíblia informa-nos que é o Espírito Santo a Pessoa da Trindade encarregada de fazer a ligação entre o homem e Deus. Para tanto, o Espírito vem habitar no interior do crente, passa a fazer nele morada. Jesus foi bem claro ao dizer que, após a Sua partida do mundo físico, os crentes não ficariam órfãos, ou seja, não passariam a viver sozinhos, mas teriam, ao invés da companhia de Cristo, como havia ocorrido durante o Seu ministério terreno, a companhia do Espírito Santo, que, entretanto, não ficaria com os discípulos, mas passaria a habitar dentro dos discípulos (Jo.14:16,17).
- Quando a pessoa aceita a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, arrependendo-se dos seus pecados, como vimos, decide mudar de direção na sua vida, converte-se, porque é convencido pelo Espírito Santo. Neste instante, ao aceitar a Jesus, a pessoa tem perdoados os seus pecados e é purificada pelo sangue do Cordeiro (I Jo.1:7; 2:1). Como consequência do perdão dos pecados, a pessoa passa a ter livre acesso a Deus, pois não existe mais qualquer separação entre ela e a Divindade, já que os pecados foram perdoados, restabelecendo-se, portanto, a comunhão com Deus. Esta comunhão caracteriza-se pela circunstância de o espírito humano ser vivificado, ou seja, aquela parte do homem que estava sem função, separada de Deus, feita, exatamente, para que mantenhamos este contacto com o Senhor, é ativada e este espírito passa a ter um relacionamento com Deus. Ora, a Pessoa da Trindade que faz este relacionamento entre o homem salvo e o seu Criador é, precisamente, o Espírito Santo.
- O Espírito Santo testifica com o nosso espírito de que somos filhos de Deus (Rm.8:16). O Espírito Santo permite-nos conhecer a vontade de Deus e a guiar nossos passos segundo ela, pois somente o Espírito de Deus pode discernir as coisas que são de Deus (I Co.2:11-13). A salvação dá-nos novos valores, um novo modo de vida, de modo que não mais passamos a compartilhar dos valores e dos desejos existentes no mundo, no pecado e no mal. Somente quem é salvo desfruta deste privilégio. O mundo não pode receber nem pode conhecer o Espírito Santo (Jo.14:17), porque o Espírito, como Seu nome o diz, é Santo, ou seja, está totalmente separado do pecado.
- O Espírito Santo não deixa o crente solitário e à deriva no mar da vida, mas, após convencê-lo da morte, do pecado e do juízo, vem habitar no interior do crente, vem ser seu companheiro até o final. O Espírito Santo é chamado por Jesus de Consolador, ou seja, de Paráclito, palavra que significa aquele que está ao lado, aquele que defende e que se coloca no lugar da pessoa, um verdadeiro advogado. Este é o papel do Espírito Santo, que pronto está para nos ajudar e nos orientar em todos os momentos, de forma a que possamos andar segundo a vontade de Deus.
- O Espírito Santo não impõe nem escraviza a vontade de quem quer que seja. A Bíblia mostra-nos que Ele vem fazer morada no homem que resolve aceitar a Cristo como seu Senhor e Salvador, mas é um verdadeiro inquilino, ou seja, alguém que, embora ocupando o interior do homem, não elimina a liberdade e o livre-arbítrio do ser humano onde está habitando. Tanto assim é que o apóstolo recomenda que não entristeçamos o Espírito Santo(Ef.4:30), pois, caso isto ocorra, poderá Ele afastar-Se de nós, o que sempre ocorre quando resolvemos pecar e transgredir os mandamentos divinos, situação que foi vivenciada por Davi, que, desesperado, suplicou para que o Espírito dele não Se apartasse (Sl.51:11). Trata-se, portanto, de um morador sensível, que está pronto a nos ajudar mas que não tolera convivência ou mistura com o pecado, pois, como é Deus, é santo e abomina o pecado (Lv.20:7, I Pe.1:15,16).
- Vemos, pois, que uma das notas marcantes que o Espírito Santo imprime no ser humano é a santidade, ou seja, a separação do homem do pecado e do mal. Isto parece ser óbvio e intuitivo, mas é negligenciado por nós muitas vezes. O homem é tornado templo do Espírito Santo (I Co.6:19) e, como tal, passa a ter um corpo que tem como finalidade e propósito única e exclusivamente a glorificação do nome do Senhor e a realização de obras que sejam boas e agradáveis a Deus. Há muitas pessoas que procuram ver a presença do Espírito Santo na vida de alguém baseando-se em atos de poder, sinais ou maravilhas que esta pessoa esteja realizando em nome do Senhor, mas não é este o critério estabelecido pelas Escrituras para sabermos se alguém tem, ou não, o Espírito Santo. Uma pessoa será possuidora do Espírito de Deus se for santa, se ouvir e praticar a Palavra de Deus, se der o fruto do Espírito(Gl.5:22), pois haverá muitos que executarão muitos sinais e maravilhas, mas que, por praticarem a iniquidade, serão dados como desconhecidos de Deus, ou seja, pessoas pertencentes ao mundo, que não pode conhecer nem receber o Espírito Santo do Senhor (Mt.7:15-23; II Tm.2:19).
OBS: " …A diferença entre o homem regenerado e o homem não regenerado transparece como uma antítese que assinale a vida inteira deles. No homem regenerado, há a consciência que busca sujeitar tudo ao senhorio de Cristo, paralelamente à consciência de que há um antigo princípio que procura tornar-se independente de Deus. A solução é entregar nas mãos do Senhor a direção inteira da vida…" (CHAMPLIN, R.N. Regeneração. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.5, p.614)
- Esta companhia, esta habitação do Espírito Santo na vida do crente produz no salvo uma série de benefícios, que lhe permitem um contínuo crescimento espiritual. Em primeiro lugar, o Espírito Santo, vindo habitar no crente, faz com que o cristão inicie um contínuo processo de santificação, que nada mais é que a progressiva e contínua separação do pecado. A cada dia, o Espírito Santo faz-nos viver segundo a vontade de Deus, não mais segundo a nossa própria vontade. Como afirmou o apóstolo Paulo, nós passamos a andar segundo o espírito, ou seja, o centro de nossa vida passa a ser o espírito humano, que é, precisamente, o canal entre nós e o Espírito Santo. O velho homem, o homem pecaminoso, é mortificado a cada instante, ou seja, é mantido preso e crucificado (Gl.2:20), sem ação na nossa vida. Não andamos mais segundo a carne, ou seja, segundo estes desejos de nossa natureza pecaminosa, evitando praticar a iniquidade e o mal. Isto só é possível porque passamos a nos inclinar para as coisas do espírito, a fim de agradar a Deus (Rm.8:5-13).
- Em segundo lugar, o Espírito Santo, habitando em nós, faz com que desejemos, cada vez, que o nome de Jesus cresça em nós e que nós diminuamos na Sua presença(Jo.3:30). O Espírito Santo tem como finalidade a glorificação do nome de Jesus (Jo.16:14) e, se nós permitimos que Ele habite em nós, consequentemente, também estamos moldando a nossa vida a fim de que, também, através de nós, os homens glorifiquem a Jesus (Mt.5:16). Não seremos, portanto, egoístas, nem ególatras, mas, muito pelo contrário, tudo faremos para que, em nossas vidas, o nome de Jesus seja glorificado pelos homens, ainda que isto signifique o padecimento de nós mesmos(II Co.4:5-11).

- Em terceiro lugar, a habitação do Espírito Santo traz-nos a garantia e a certeza da nossa salvação. A Bíblia diz-nos que o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Sendo assim, temos, em nós, a garantia de que somos salvos, a certeza da nossa própria salvação. É o próprio Deus, na Pessoa do Espírito, que dá testemunho de nossa comunhão com Ele. Há muitos crentes que são duvidosos a respeito da sua salvação, que se deixam embaraçar por quaisquer afirmações daqueles que os cercam, no sentido de que não podem ter garantia de que têm a vida eterna, notadamente de pessoa religiosas que acham que a salvação depende de obras e coisas similares. Entretanto, a Bíblia afirma-nos, claramente, que é o Espírito Santo quem nos dá esta certeza e a sua habitação em nós permite que tenhamos esta garantia. É, por isso, que a Bíblia nos afirma que o Espírito é o selo da nossa redenção. Como todos sabemos, o selo é um símbolo, é um sinal que representa a garantia de um documento, que confirma a sua autenticidade, que confirma a autoridade de alguém (Gn.38:18;.Jr.22:24). O Espírito Santo é, portanto, a garantia que temos de que somos salvos. Quando o Espírito está conosco, dirigindo-nos, dando-nos orientação, testificando de nossa condição de filhos de Deus, temos a certeza de que estamos nas mãos do Senhor e de que ninguém de lá pode nos arrebatar (Jo.10:28).
- É importante observar, aqui, que este selo da redenção está presente na vida de todo e qualquer salvo, mesmo os que não são batizados com o Espírito Santo. Há um costume antigo, entre os pentecostais, de chamar o batismo com o Espírito Santo de "selo" e os batizados com o Espírito Santo de "selados", mas não confundamos esta nomenclatura que surgiu no meio do povo pentecostal com o texto bíblico de Ef.4:30, que se refere a todos os salvos, pois o Espírito Santo é a garantia da redenção, ou seja, da salvação, para todos quantos creram em Jesus como Senhor e Salvador, ainda que não tenham sido revestidos de poder.
- Em quarto lugar, a habitação do Espírito Santo no crente promove o envolvimento do crente na obra do Senhor. Como passamos a fazer a vontade de Deus, como passamos a glorificar o nome do Senhor, como temos certeza da salvação, a Bíblia afirma que rios de água viva passam a correr do nosso interior (Jo.7:38), ou seja, não há como o crente se conter diante de tão grande salvação e começa a ser impelido para pregar o Evangelho e fazer a obra de Deus sobre a terra. Paulo tinha esta consciência e exclamava: ai de mim se não anunciar o evangelho ! (I Co.9:16). Alguém poderá dizer que esta era a chamada de Paulo (At.9:15) e que não se pode generalizar, mas, se o disser, estará equivocado, pois a ordem de pregação do Evangelho foi dada para toda a igreja (Mc.16:15). Cada um tem um trabalho na seara do Mestre e o Espírito Santo, habitando em nós, fará com que executemos este trabalho na forma por Ele pretendida, a fim de que almas sejam salvas e os crentes, aperfeiçoados(Rm.6:13,19,22).
- Em quinto lugar, a habitação do Espírito Santo no crente promove um despertamento para a oração e a meditação da Palavra de Deus. O Espírito Santo tem como missão fazer-nos lembrar da Palavra de Deus e ensinar-nos esta mesma Palavra (Jo.14:26), ao mesmo tempo em que é um ajudador sempre presente nas nossas orações, gemendo com gemidos inexprimíveis diante do Pai por nós (Rm.8:26). Para tanto, a presença do Espírito Santo leva-nos, naturalmente, a uma vida de oração de e estudo e meditação na Palavra de Deus. Percebamos que, já revestidos de poder, os apóstolos passaram a se dedicar ao ministério da oração e da palavra (At.6:4). O Espírito Santo faz-nos, assim, enveredar por este caminho glorioso da devoção diária e incessante, preparando-nos para sermos instrumentos de justiça.
OBS: Notamos que, após terem recebido o Espírito Santo mediante o sopro de Jesus, que é a regeneração, como se lê em Jo.20:22, os discípulos que, anteriormente, não conseguiam orar durante uma hora (Mt.26:40), oraram durante sete dias até serem revestidos de poder (At.1:14). Quem nos impulsiona a orar, portanto, é o Espírito Santo.
- Em sexto lugar, a habitação do Espírito Santo no crente promove maior sensibilidade espiritual, pois, como vimos, é através do Espírito Santo que passamos a discernir as coisas espirituais. A presença do Espírito Santo faz-nos entender as coisas espirituais, entender e compreender a vontade de Deus e, portanto, a termos uma vida de intimidade e de comunhão com o Senhor, intimidade esta que é contínua e progressiva.(II Co.3:18). O Espírito Santo faz-nos ficar cada mais conformes à glória de Deus e cada vez mais distantes do pecado e do mundo, residindo nesta transformação, segundo alguns, a própria essência da obra do Espírito Santo na vida do ser humano: o retorno da plenitude da imagem e semelhança de Deus no homem.
- Em sétimo lugar, quem tem a lâmpada acesa deseja a volta de Jesus. As virgens prudentes, que tinham suas lâmpadas acesas, ao ouvirem o clamor que anunciava o noivo, rapidamente se levantaram e, alegremente, foram para a companhia do noivo. Ter a lâmpada acesa é amar a vinda de Jesus, é querer que Jesus volte, é não desviar suas atenções para outros propósitos que não os de viver eternamente com o Senhor.
OBS: "…Lamentamos que os cuidados da vida terrena têm ocupado tanto a mente e o tempo dos cristãos. Infelizmente, muitos deixarão de ser arrebatados por estarem despercebidos. Distraídos com tantas festas de 'louvores', jovens, crianças, círculos de oração, aniversários etc. Além disso, outros se ocupam tanto com as construções de templos, assistências sociais, viagens por todos os lados, que pouco tempo sobra para santificar-se e amar a vinda de Jesus. Não bastassem essas ocupações com assuntos religiosos, estamos apreciando muitos ocupados em negociar nas igrejas com cantinas, vendas de objetos religiosos, formando lotações para passeios, envolvendo o povo de Deus em política, enfim, só a misericórdia do Senhor para dar fim a essas coisas que estão embalando os crentes, procurando distraí-los e fazê-los adormecidos. É tempo de nós despertarmos do sono. Rm.13.11. Acorda, irmão ! JESUS VEM BREVE.…" (SILVA, Osmar José da. Lições bíblicas dinâmicas, v.I, p.88-9).
III – O ESPÍRITO SANTO NO REVESTIMENTO DE PODER
- A experiência do batismo com o Espírito Santo, como estudamos na lição anterior, não se confunde com o novo nascimento, com a salvação, são experiências distintas, embora ambas sejam operações exclusivas do Espírito Santo. Entretanto, quando alguém é salvo, passa a ter o Espírito Santo habitando em si, naturalmente, ansiará pelo batismo com o Espírito Santo.
- Como vimos, a presença do Espírito Santo na vida do crente faz com que haja um processo contínuo de santificação na vida do cristão, de tal forma que ele irá se distanciando cada vez mais do pecado e do mal e se aproximando a cada dia do Senhor. Como o salmista, passará a dizer que para ele bom é aproximar-se do Senhor (Sl.73:28) e, em sua vida, estará concretizando aquele processo mútuo de atração que é descrito por Tiago: chegai-vos a Deus e Ele Se chegará a vós (Tg.4:8).
- Sendo assim, é uma consequência natural na vida do crente que, passando a ter uma vida progressiva de santificação e de inclinação às coisas do espírito, estando envolvido na obra do Senhor e disposto a glorificar o nome de Jesus em sua vida, o crente deseje e anseie por ser revestido de poder e batizado com o Espírito Santo. Este desejo, este anelo é algo que decorre da própria intimidade que passa a ter com o Espírito Santo.
- O batismo com o Espírito Santo é uma necessidade para que possamos levar a efeito, na sua plenitude, a obra que o Senhor tem destinado à Sua igreja. Quem o diz é o próprio Jesus, que condicionou o início da evangelização ao revestimento de poder (Lc.24:49).

- Dirão alguns que isto era uma necessidade apenas para o início da Igreja, mas assim não entendemos. A primeira geração da igreja tinha de enfrentar um mundo hostil, alheio aos valores divinos, imerso no pecado e no maligno. As gerações posteriores, de igual modo, tiveram de enfrentar um mundo tão hostil quanto o enfrentado pelos apóstolos e, diremos mesmo, um mundo ainda pior, pois Jesus nos afirma que, até a Sua volta, a iniquidade se multiplicará (Mt.24:12). Desta maneira, não se trata de uma necessidade histórica ou restrita àqueles dias, mas, sim, de um princípio que deve nortear a vida da Igreja, pois, afinal de contas, a dispensação que estamos a viver é, a um só tempo, a dispensação da Igreja e do Espírito Santo, tanto que são ambos que anelam pela volta do Senhor ao término da revelação escriturística(Ap.22:17).
- Uma vez tendo conhecimento desta promessa de Deus para os Seus servos, o crente, que tem o Espírito Santo, certamente tem desejo de buscar o revestimento de poder, como nos mostra o episódio dos crentes encontrados por Paulo em Éfeso (At.19:1-7).
OBS: " … todos os autênticos crentes recebem o Espírito Santo ao serem regenerados, e a seguir precisam experimentar o batismo no Espírito Santo para receberem poder para serem suas testemunhas (At 1.5,8; 2.4; ...)." (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. A regeneração dos discípulos(estudos doutrinários). CD-ROM.)
- O “sopro da boca de Deus” dado por Jesus no dia de Sua ressurreição sobre os discípulos, dando-lhe a “nova vida” não bastou para que eles fossem devidamente capacitados para exercer aquilo que lhes fora incumbido pelo Senhor. A evangelização de todo o mundo exigia algo mais que o “sopro da boca de Deus”. Este “sopro de Jesus” lhes garantia a salvação, a vida eterna, mas não lhes dava o poder necessário para enfrentar o maligno.
- Para tanto, fazia necessário o “revestimento de poder”, a “virtude do Espírito Santo” (At.1:8), o “dom do Espírito Santo” (At.2:38; 10:45). Necessário era que o Espírito Santo viesse e habitasse na vida dos discípulos, para não os deixar órfãos, mas, para evangelizar o mundo, era indispensável que eles tivessem o “batismo com o Espírito Santo”. Daí a ordem do Senhor Jesus para que ficassem em Jerusalém até do que do alto fossem revestidos de poder (Lc.24:49; At.1:8).
- Este outro “sopro” que veio aos discípulos no dia de Pentecostes, é o “sopro de poder”, como bem o denominou o pastor José do Prado Veiga no estudo já supramencionado: “E, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados” (At.2:2).
- Se o “sopro da boca de Deus”, em Jô.20:22, “regenerou” os discípulos, tornou-os “novas criaturas”, este “sopro de poder” tornou-os aptos a evangelizar, a exercer o seu ministério, a cumprir o “ide de Jesus”. O batismo com o Espírito Santo, pois, é um pressuposto para que se possam exercer os dons ministeriais, bem como o pressuposto para que se possam receber os dons espirituais.
- Em Cantares de Salomão, o poeta fala do “jardim fechado” que é a noiva para o seu noivo (Ct.4:12), um “manancial fechado”, uma “fonte selada”. No entanto, neste jardim fechado, nesta fonte selada, foram necessários dois ventos: o vento norte, que é o vento que trazia a chuva (Pv.25:23 ARA, TB, NVI), principalmente ao término do inverno, limpando as plantas, retirando tudo quanto de daninho a elas se agregara a partir do outono, com a perda da folhagem; e o vento sul, que é um vento fresco, agradável, suave (Lc.12:55), que dá condições para que “se destilem os aromas” (Ct.4:16). Assim, enquanto o “sopro da boca de Deus” traz ao salvo a sua nova geração, a sua salvação; o “sopro de poder” dá condições para que esta planta possa testemunhar Cristo (o noivo) a outrem, possa levar “o bom cheiro de Cristo” às criaturas (II Co.2:14-16). O “sopro de poder” torna-nos idôneos para tratar das “coisas de cima” (Cl.3:1-3).
OBS: “… Esta é uma oração. 1. Para a igreja em geral, para que possa haver uma efusão plena do Espírito sobre ela, com o fim do florescimento de sua herança. Os dons ministeriais são os aromas; quando o Espírito é derramado sobre estes flui publicamente e o deserto se torna um campo frutífero, Is.32:15. Esta oração foi respondida no derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste (At.2:1), introduzido por um vento veemente e, então, os apóstolos, que antes eram presos a um lugar, como que amarrados, saíram publicamente e foram “bom cheiro para Deus”, II Co.2:15. 2. Para os crentes em particular: Notem (1) as almas santificadas são como jardins, jardins do Senhor, fechado para Ele. (2) As graças na Salma são como aromas nestes jardins, tudo o que neles é útil e de valor. (3). É muito desejável que os aromas da graça se mostrem publicamente tanto em piedade quanto em devoções e em ações de graças santas e que com elas honremos a Deus, adornando nossa profissão e façamos o que é gracioso para todo homem bom. (4) O Espírito, bendito seja Ele, em Suas operações sobre a alma é como o “vento norte e o vento sul”, que assopra onde quer e de vários pontos, Jo.3:8. Há o vento norte das convicções e o vento sul do consolo; mas todos, como o vento, apresentando os tesouros de Deus e cumprindo a Sua Palavra. (5) A demonstração pública dos aromas da graça depende das ventanias do Espírito; Ele incita as boas afeições e obras bem como trabalha em nós tanto o querer como o fazer o que é bom; é Ele que faz manifestar em nós o cheiro do conhecimento de Cristo por nós. (6) Consequentemente, nós deveríamos aguardar pelo Espírito de graça, pela aceleração de Suas influências, oram por elas e colocar nossas almas debaixo delas. Deus tem prometido dar a nós o Seu Espírito, mas Ele quer que nós isto Lhe peçamos.…” (HENRY. Matthew. Comentário bíblico completo. Comentário a Ct.4:15,16. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/song-of-solomon/song-of-solomon-4.htmlAcesso em 09 mar. 2011) (tradução nossa) (texto em inglês).
- Mas não basta recebermos o batismo com o Espírito Santo. Este “sopro de poder” não traz apenas “o dom do Espírito Santo”, mas, a partir dele, a Igreja tem de ser adornada pelos “dons espirituais”, que o Espírito dá a cada um segundo a Sua própria vontade (I Co.12:11), para o que for útil na casa do Senhor (I Co.12:7).
- Mas, também, não se pode ter o Espírito Santo apenas como “sopro de poder”, mas, uma vez mais se utilizando do estudo do pastor José do Prado Veiga, é mister que Ele seja um “sopro de renovo”, como se verifica em At.4:31, quando todos os crentes foram cheios do Espírito Santo, tanto os que haviam se convertido no dia de Pentecostes e ainda não tinham recebido “o dom do Espírito Santo”, como também os que haviam sido revestidos de poder no dia de Pentecostes, mas foram, naquela oportunidade, renovados.
- A constante renovação espiritual é uma necessidade para todo e qualquer servo do Senhor. O Espírito Santo deve estar sobre nós como “óleo fresco” (Sl.92:10). O óleo nunca pode faltar sobre as nossas cabeças (Ec.9:8), pois o Espírito é como o vento, ou seja, tem de ser sempre em movimento, atuando em nossas vidas. O que não se renova, envelhece e o que é velho, perto está de acabar (Hb.8:13b). A aliança que firmamos no sangue de Cristo é uma “nova aliança” (I Co.11:25; Hb.8:13a).
- No jardim fechado de Cristo, apesar de ele estar fechado, cercado pelo “muro da salvação” (Is.26:1), tem de haver o soprar constante do “vento norte e do vento sul”, pois, se assim não se der, não haverá como se ter o florescimento e a produção de frutos pelo jardim. Sem o renovo espiritual constante não se poderá cumprir a tarefa a nós confiada pelo Senhor: de ir e produzir fruto, e fruto permanente (Jo.15:16).
- A falta de renovação espiritual leva à reprovação divina. Das sete igrejas para as quais o Senhor Jesus mandou cartas por intermédio do apóstolo João, cinco tinham problemas de renovação espiritual. Que problemas eram estes? Em Éfeso, a perda do primeiro amor (Ap.2:4); em Pérgamo, os seguidores da doutrina de Balaão e da doutrina dos nicolaítas, ou seja, os seguidores de falsas doutrinas (Ap.2:14); em Tiatira, a tolerância de Jezabel, a profetisa que levava o povo à prostituição e à participação dos sacrifícios da idolatria (Ap.2:29); em Sardo, a morte espiritual do anjo da igreja (Ap.3:1,2); em Laodiceia, a mornidão espiritual, i.e., a mistura com o pecado e o mundo (Ap.3:16). Estes fatores continuam a ser, ainda hoje, obstáculos para que tenhamos o “sopro de renovo” em nossas vidas. Sem este sopro, não seremos capazes de produzir o fruto permanente, de exalar “o bom cheiro de Cristo”.

- Mas, para todos estes que perderam a renovação espiritual, temos a última capacitação do Espírito Santo, o “sopro da restauração”, que vemos na visão do vale dos ossos secos, em Ez.37:9, o “sopro do Espírito que faz tornar da morte para a vida”. Os ossos sequíssimos, ao receber este sopro, tornaram-se num exército em pé, grande em extremo (Ez.37:10). Conquanto a visão se refira a Israel, que será restaurado espiritualmente e cujo remanescente será salvo (Rm.11:26), também ela se aplica aos que perderam o renovo espiritual na Igreja, pois, em todas as mencionadas cartas, o Senhor Jesus dá um caminho de escape para os Seus servos, mandando, ao final, que todos ouvissem o que o Espírito estava a dizer àqueles igrejas.
- O Espírito Santo, conquanto Se afaste daqueles que transgridem a Palavra de Deus, não os abandona, mas continua a lhes falar, a fim de que eles ouçam e aceitem a Sua voz, não endureçam seus corações (Sl.95:8; Hb.4:7) e, assim, recebam este “sopro da restauração”, que os fará levantar novamente e os transformar, uma vez mais, em bons soldados de Cristo Jesus (II Tm.2:3).
- Somente pelo Espírito Santo podemos ser salvos, reconhecer a Cristo como nosso Senhor (I Co.12:3), ter condições de alcançar a vida eterna. O Espírito Santo é indispensável para que nos mantenhamos em comunhão com Deus, pois é Ele a Pessoa Divina encarregada de promover esta comunhão (II Co.13:13), depois da obra redentora do Calvário, operada pelo Filho, enviado que foi pelo Pai (Ef.2:11-18). Não nos iludamos, pois, e sempre sejamos sensíveis à voz do Espírito de Deus, pois, se assim não fizermos, teremos o mesmo fim da geração do êxodo que, por se rebelar contra o Senhor, não crer em Suas palavras, pereceu sem alcançar a Terra Prometida (Hb.3:15-19). Que Deus nos guarde!
Caramuru Afonso Francisco

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